Neste equilíbrio instável de corpos enrolados aprendemos aos poucos a partilhar-nos. Saboreio cada pedaço teu como se fosses eu. Sinto cada bater do teu peito como se fosse o meu. Absorvo o frio da tua pele despida, convertendo-o no calor ardente da minha paixão.
Nesta nova formula de amar, os corpos são invólucros que sustentam os sentidos, e estes ganham forma abandonando o abrigo para se tornarem independentes. Criamos o próprio Universo à nossa medida, semeamo-lo de estrelas perdidas, e sentamo-nos de mãos dadas no prado, a contemplar a luz que ele próprio irradia.
Amar-te assim, embrenhada em mim, é como ser tu, é como seres eu em ti, neste abraço enrolado, eterno, sem fim.
Autor: António Almas
Fonte: http://noite.do.sapo.pt/